domingo, 9 de dezembro de 2018

Meu abraço-poesia

Há abraços que são casa. E o teu abraço é uma casa. Uma casa de verdade, onde posso entrar sem cerimónia, trancar a porta e ficar nesse aconchego que me acolhe e me desarma. Um abraço onde posso ser por inteiro, despir as máscaras e os artifícios, expor as feridas e as maleitas, sem medo do teu julgamento, sem medo da minha culpa. Esse abraço onde posso ficar, apenas ficar, de olhos fechados, coração com coração, enquanto expiro as incertezas e inspiro essa esperança que o calor da tua pele me dá. Esse abraço onde me liberto, onde abro as asas sem medo e me atiro por cima de todos os sonhos nos quais acreditas tanto ou mais do que eu. Esse teu abraço tão doce, tão perfeito e tão cheio de nós. Esse abraço tão cheio de primavera, onde me perco por campos de girassóis. Esse abraço tão cheio de estrelas cadentes em noites frias de inverno, com a promessa de desejos cumpridos a cada amanhecer. Quem me dera ficar para sempre nesse teu abraço, nessa tua casa que já é minha. Fechar todas as janelas que nos ligam ao de fora, e voltar-me para o de dentro, onde a magia acontece, onde o tempo não tem tempo e o espaço é proporcional à grandeza dos nossos sorrisos e do nosso querer. Quem me dera ficar para sempre, enquanto o sempre fizer sentido, nesta paz em que me encontro, com o coração sereno e a alma em branco. E então escrever os poemas mais bonitos do mundo, todos os dias, todo o dia, nesse abraço-poesia.

2 comentários:

  1. e agora só me apeteceu enroscar no meu abraço casa e por lá ficar sem tempo :) que texto inspirador querida Catarina.

    Lolly Taste

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