domingo, 30 de dezembro de 2018

Pele

A tua pele cheira a distante, a infinito, a um mundo novo onde acabei de entrar. Cheira a canela e a outono, guardando em si a ternura do aconchego que me envolve e me sossega. Tem mapas desenhados, mapas de estrelas e sóis, de viagens que havemos de fazer e de caminhos que hão-de sempre trazer-nos de volta a casa. É um mar sem fim, a tua pele, onde mergulho sem medo, na certeza de que os teus braços e o teu amor irão suster as minhas quedas e sarar as feridas das minhas batalhas. É uma tela em branco, onde desenho abstratos coloridos, panóplia de cores sem sentido que me fazem sentir emoções que me devolvem à certeza de que está tudo bem, tudo certo, tudo alinhado segundo os pressupostos cósmicos. É um doce poema, a tua pele, o poema mais bonito, com versos que são melodia e me fazem dançar em rodopio, certa de que irei encontrar-te sempre nas voltas e contra-voltas da vida. Nessa pele onde perco os meus sentidos, a razão, a lucidez, onde sou inteira e por inteiro, onde inspiro e me inspiro no compasso acelerado dos nossos corações. Essa pele onde os meus dedos fazem magia, clareando os dias e ditando um futuro que será o presente mais bonito do mundo, adornado com a verdade que nos une, a essência a descoberto e a alma a postos para correr atrás de cada sonho que cruzar o nosso caminho. A tua pele, a minha casa, onde pertenço e recomeço.


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