terça-feira, 1 de maio de 2018

Memórias de um Avô


Este relógio era do meu avô querido. O único relógio que tinha. Andava com ele no bolso das calças e não no pulso, talvez para que o tempo não ousasse controlá-lo. O meu avô era liberdade e simplicidade. E eu tenho tantas saudades dele. Tantas. O meu avô nunca exigiu nada de mim. Não queria saber se eu me tornaria médica, enfermeira, arquitecta ou advogada. A única coisa que o meu avô queria e me exigia era que eu fosse feliz, o mais que conseguisse. Só isso. Se eu fosse feliz ele seria feliz. O meu avô sempre teve um orgulho desmedido de mim, não por eu ser boa aluna ou saber muitas coisas, mas simplesmente por eu existir e ser sua neta. O meu avô era a melhor pessoa do mundo. Fazia-me rir como ninguém. Deixava-me ser livre, como todas as crianças devem ser. E eu tenho tantas saudades dele. Tantas. Quando a dor que não me larga se agiganta, só queria poder repousar a cabeça no seu ombro e deixar-me embalar pelas suas histórias de fazer rir até doer a barriga. Talvez, assim, a dor fosse para longe para sempre. Tenho tantas saudades tuas, avô querido.

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