sexta-feira, 25 de maio de 2018

Vai passar

Vai passar. Acredita que sim. Ainda vai doer, ainda vai sangrar, mas vai passar. As dores de amor deveriam ser proibidas de tão tontas que são. Porque o amor, a ser amor, não deveria doer, não nos deveria doer. Mas a verdade é que dói. E dói muito. E dói tanto! Mas são dores de crescimento, necessárias para que possamos dar o salto, fechar um ciclo, subir mais um degrau na escada da vida. São dores inevitáveis. Não há vacinas que possam imunizar-nos contra as dores do amor. A parte boa é que passa. Como tudo na vida. Hoje podes estar a chorar e a desejar arrancar o coração do peito e atirá-lo na correnteza do rio, na esperança de que ele to devolva mais sólido. Hoje podes desesperar e jurar que vais morrer sufocada pela dor desse amor. Podes mesmo prometer a ti mesma e ao mundo que jamais voltarás a amar, que agora é de vez, que não queres voltar a entregar o teu coração. Vais sentir isso tudo e muito mais. Vais sentir que não queres mais continuar, que a vida perdeu o brilho. Vais sentir-te a pior pessoa à face da terra, a mais feia e moribunda, a mais desinteressante e desgraçada. Mas sabes uma coisa? Vai passar. Pode demorar alguns dias, alguns meses ou até mesmo alguns anos. Mas, um dia, vais acordar e perceber que ainda estás viva. Vais perceber que, afinal, o teu coração está inteiro outra vez, com algumas cicatrizes de guerra, é certo, mas inteiro. Vais levantar-te, olhar-te ao espelho e perceber como és bonita, como irradias luz. E vais voltar a sorrir e esse teu sorriso será capaz de albergar o mundo inteiro. Vais perceber que aquela dor tão forte e lacinante desapareceu, transformou-se em sabedoria e em maturidade. Vais até ser capaz de perdoar quem tanto te magoou. E vais seguir em frente, com fé renovada e uma mão cheia de esperança. É este o sentido das coisas. Cais e levantas-te. Desanimas e reanimas-te. Amas até doer o coração e voltas a amar, uma e outra vez, enquanto esse coração te bater no peito.


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