domingo, 30 de abril de 2017

Bem Me Quer


Mal-me-quer! Bem-me-quer! Muito, pouco ou nada?

Quando era criança, passava horas e horas, sentada nas escadas de casa dos meus avós, a desfolhar malmequeres. Havia um pé de malmequer no cantinho do jardim que, Primavera após Primavera, se abria em flor e fazia as minhas delícias. Colhia um ramo bem grande e ficava assim, tardes inteiras, tentando adivinhar o futuro de um amor de menina. Eram tempos felizes, em que o tempo era desprovido de pressa, arrastando-se ao ritmo dos meus sonhos. E os meus sonhos eram sempre os mesmos. Sonhava com dias passados a ler livros e a escrever poemas, numa casa pequenina com vista para o mar.

A menina que desfolhava malmequeres [Mal-me-quer! Bem-me-quer! Muito, pouco ou nada?] cresceu, mas o sonho manteve-se além do tempo, que deixou de se arrastar e começou a correr desalmadamente. O sonho de escrever permanece e concretiza-se, a pouco e pouco, em cada rol de palavras, em cada conjunto de versos. Mais do que um sonho, mais do que uma terapia, escrever é, para mim, um acto de amor. Quando escrevo estou comigo, em paz, num perfeito equilíbrio.

E é através das palavras que quero continuar a expressar os meus amores, que são tantos e tão desiguais. O amor pelos versos, em poemas escritos, muitas vezes [tantas vezes!], em estações de comboio ou nas madrugadas de insónia. O amor aos livros, meus companheiros de sempre, através dos quais aprendo, viajo e me encontro. O amor à espiritualidade, que tento desenvolver todos os dias, encontrando o meu ponto de equilíbrio. O amor aos outros, a todos aqueles que me rodeiam, que me ensinam, que me acrescentam.

Porque a menina que passava as tardes de Verão a desfolhar malmequeres [Mal-me-quer! Bem-me-quer! Muito, pouco ou nada?], e que cresceu, continua a acreditar no amor. Podem chamar-lhe ingénua, inocente ou crente, mas o certo é que ela [eu] continua a acreditar piamente que o amor é a base. Tudo o resto é construído a partir daí.

Este espaço, que hoje renasce [como os malmequeres que renascem a cada Primavera], é um espaço de partilha e de verdade, de amor e de bem querer, onde será sempre bem-vindo quem vier por bem!


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